Psicoterapia e Aconselhamento Online

Abordagem

Ao longo da minha formação e prática clínica, aprofundei-me em diferentes correntes da psicologia que, juntas, formam a base do meu trabalho como terapeuta. Cada uma delas oferece uma lente única para compreender o ser humano em sua totalidade — mente, corpo, emoções, espiritualidade e sentido. A seguir, compartilho um resumo acessível e profundo das principais abordagens que integro em minha escuta terapêutica: a Logoterapia, a Psicologia Analítica e a Psicologia Tomista. Ao conhecer essas perspectivas, você entenderá melhor como cada sessão é construída e por que essa abordagem pode fazer tanto sentido para quem está em busca de transformação verdadeira.

Logoterapia

Fundador: Viktor Emil Frankl (1905-1997), psiquiatra austríaco e sobrevivente de campos de concentração nazistas.

A Logoterapia nasce da experiência extrema de Frankl ao perceber que algumas pessoas conseguiam manter a esperança mesmo em meio a um sofrimento indescritível. Ele concluiu que o ser humano é impulsionado, antes de tudo, por uma “ vontade de sentido ” — o desejo profundo de encontrar um porquê que torne o como suportável. Nessa abordagem, a dor não é negada: ela é acolhida como um convite a descobrir valores, metas e responsabilidades que dão direção à existência.

Entre os principais conceitos, destacam-se o sentido da vida, sempre único e pessoal; a liberdade de atitude, ou seja, a capacidade de escolher como reagir mesmo quando não podemos mudar as circunstâncias; e o vácuo existencial, sensação de vazio que surge quando o sentido não é claro. Frankl propõe três caminhos para preencher esse vácuo: realizar obras ou tarefas, viver experiências de amor ou beleza e assumir uma postura digna diante do sofrimento inevitável.

Na prática clínica, o terapeuta utiliza o diálogo socrático para ajudar o paciente a identificar contradições internas, reformular crenças e reconhecer oportunidades de significado escondidas no cotidiano. Exercícios de imaginação futura, análise de valores e “intenção paradoxal” (fazer o oposto do impulso ansioso) complementam a abordagem. Assim, a Logoterapia não promete eliminar a dor, mas transformá-la em fonte de crescimento, responsabilidade e esperança.

Psicologia Analítica

Fundador: Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra suíço e discípulo dissidente de Freud.

A Psicologia Analítica parte da ideia de que a psique humana é um sistema amplo que inclui o inconsciente pessoal (memórias reprimidas) e o inconsciente coletivo — um reservatório de imagens universais chamadas arquétipos. Esses arquétipos (Sombra, Persona, Anima/Animus, Self) aparecem em sonhos, mitos, religiões e até na cultura pop, orientando nossos padrões de emoção e comportamento mesmo sem percepção consciente.

Jung propôs o processo de individuação: uma jornada vital em que a pessoa integra partes reprimidas (complexos) e se torna mais inteira. No caminho surgem símbolos que pedem interpretação — motivo pelo qual a análise dos sonhos é central. Outros conceitos importantes incluem os tipos psicológicos (introversão/extroversão, funções cognitivas) e a sincronicidade, coincidências cheias de significado que revelam a ligação entre psique e mundo.

No setting terapêutico, o analista ajuda o cliente a dialogar com imagens simbólicas, estimular a criatividade (desenhos, escrita, imaginação ativa) e confrontar a Sombra sem julgamento moral. O objetivo não é “curar sintomas” de forma rápida, mas ampliar a consciência, equilibrar opostos internos e permitir que a energia psíquica flua rumo a projetos mais autênticos. Assim, a Psicologia Analítica vê o sintoma como mensageiro — um chamado do inconsciente para que a vida evolua em direção a maior harmonia e significado.

Psicologia Tomista

Fundador-raiz: São Tomás de Aquino (1225-1274), filósofo e teólogo medieval; na era moderna, seu resgate psicológico foi sistematizado por autores como Fr. Benedict Ashley e Pe. Réginald Garrigou-Lagrange.

A Psicologia Tomista parte de uma visão integral do ser humano: corpo e alma formam uma única substância (hilemorfismo). A alma possui potências hierárquicas — vegetativas (nutrição, crescimento), sensitivas (emoções, memória, imaginação) e intelectivas (razão e vontade). Diferente de correntes que veem o homem como mero produto de forças biológicas ou sociais, a abordagem tomista enfatiza a racionalidade orientada à verdade e a liberdade voltada ao bem.

Os princípios éticos de Aquino — virtudes cardeais (prudência, justiça, fortaleza, temperança) e teologais (fé, esperança, caridade) — funcionam como “engenharia comportamental” ante litteram: hábitos bons moldam emoções e escolhas, conduzindo à plenitude (felicidade) em vez da mera eliminação de sintomas. As paixões não são inimigas, mas energias ordenáveis pela razão; quando alinhadas com fins superiores, convertem-se em força de vida.

Clinicamente, a Psicologia Tomista inspira intervenções que conciliam ciência contemporânea — por exemplo, técnicas cognitivas de reestruturação de pensamento — com uma antropologia que reconhece dimensões moral e espiritual. O terapeuta ajuda o cliente a identificar desequilíbrios nas paixões, vícios de pensamento ou comportamento, e a substituí-los por hábitos virtuosos que respeitam sua dignidade e vocação. Assim, o objetivo último não é apenas “sentir-se melhor”, mas tornar-se melhor: amadurecer intelecto, vontade e afetos para viver com verdade, liberdade e amor.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

Fundador: Aaron T. Beck (1921–2021), psiquiatra e psicoterapeuta norte-americano.

A TCC é uma das abordagens mais eficazes e baseadas em evidências da psicologia moderna. Criada por Aaron Beck, ela parte do princípio de que nossos pensamentos influenciam diretamente nossas emoções e comportamentos. Em vez de focar apenas nos eventos externos, a TCC investiga como interpretamos o que vivemos — e como essas interpretações moldam nosso sofrimento.

Essa abordagem ajuda a identificar e modificar pensamentos distorcidos, como catastrofizações, generalizações ou autocríticas exageradas, que geram sofrimento e comportamentos disfuncionais. Por meio de técnicas práticas e colaborativas, o paciente aprende a reformular suas crenças e desenvolver novas formas de lidar com desafios do dia a dia. A TCC é amplamente aplicada em casos de ansiedade, depressão, fobias, pânico, compulsões e autoestima fragilizada.

Com foco no aqui e agora, o processo terapêutico envolve exercícios estruturados, reflexões guiadas e aplicação de ferramentas fora das sessões. A TCC promove autonomia, clareza e mudança real de hábitos mentais e comportamentais. Em minha prática integrativa, ela oferece o suporte necessário para trabalhar os sintomas enquanto aprofundamos, com outras abordagens, os temas existenciais e espirituais que cada pessoa carrega. Na prática clínica integrativa que realizo, a TCC oferece uma base sólida para lidar com questões emocionais imediatas, enquanto outras abordagens (como a Logoterapia, a Psicologia Analítica e a Filosofia) nos ajudam a aprofundar a reflexão sobre sentido, identidade e espiritualidade. Assim, ela se torna uma ferramenta importante para promover não apenas alívio emocional, mas transformação de vida real e duradoura.