Na psicologia a metanoia é compreendida como um processo de mudança fundamental na personalidade, que pode ocorrer em diferentes fases e contextos da vida. Um dos contextos em que tal processo acontece é na fase que corresponde a meia-idade, sendo sobre esse período da vida que Jung desenvolveu os seus principais estudos sobre o processo de individuação.
Durante a segunda metade da vida, Jung observou que depois do indivíduo ter atingido o ápice da vivência externa, em termos de profissão, relações e família, psiquicamente falando, começa a se desenvolver um processo de maturação interior. Na primeira fase de nossas vivências elas estarão muito mais orientadas a partir da realidade e exigências do ego, no entanto, no caminhar para a segunda metade esse centro de orientação irá mudar significativamente.
Na segunda metade da vida o senso de realidade depende muito menos do ego, pois nessa fase é esperada uma mudança na atitude do indivíduo. Isso significa que este depois de ter realizado o seu processo de adaptação externa, deverá adaptar-se a própria interioridade. Não é mais ao ego que ele estará direcionado, mas sim ao self. Nesse sentido, o colapso sentido na experiência da meia-idade não é do eu essencial, mas sim das suposições que o indivíduo fez da própria vida até então.
De acordo com James Hollis, a experiência consciente da passagem para o meio da vida requer que o indivíduo separe quem ele realmente é da soma das experiências que internalizou. É por isso que nessa fase do desenvolvimento comumente ocorrem grandes mudanças de vida, tais como separações entre casais, mudanças de profissão e perspectivas de vida. A tarefa colocada aqui será a de atender e sustentar os chamados do self.
? A passagem do meio – James Hollis.